Out 18

Narrativa político/midiática garantiu apoio ao desmonte da lei trabalhista

A polêmica criada pela reforma trabalhista dos congressistas aliados do governo Temer e amplamente repercutida e estimulada pela mídia, em torno da crítica sobre a sustentação dos sindicatos via a contribuição sindical por todos profissionais da classe, possui dois objetivos centrais na avaliação da Federação Paulistas dos Gráficos (Ftigesp). Antes de descrevê-los, a entidade lembra ao gráfico da narrativa político/midiática criada na época da aprovação da reforma e que continua até hoje. O foco tem sido centralizar e polemizar o tema a partir da falsa sensação de que todos trabalhadores devem economizar seu dinheiro ao invés de pagarem injusta e sumariamente os sindicatos sem função e corruptos, enquanto, na verdade, a lei trabalhista é bem destruída e o conjunto dos direitos com reflexos na perda de qualidade de vida e dinheiro da classe.

A Ftigesp, por exemplo, junto dos 18 Sindicato Gráficos (STIGs) filiados, já garantiu a conquista de dezenas de direitos para toda a categoria no estado, contidos na Convenção Coletiva de Trabalho da classe (CCT), benefícios estes superiores à lei geral trabalhista (CLT). Dentre as atuais 87 cláusulas do CCT, que só havia nove antes da criação da Ftigesp há 39 anos, os gráficos paulistas desfrutam hoje, por exemplo, de cesta básica, Participação no Lucro e Resultados da empresa, sem falar no piso salarial de quase R$ 1,5 mil, que supera muito o mínimo nacional, bem como garante horas-extras a 65%, ante 50% da CLT; e adicional noturno a 35%, ante 20% da CLT, além de complemento de salários por afastamento por doenças, entre muitos outros benefício individuais.

Tantos benefícios da CCT para toda categoria, independente de estar ou não ligados ao sindicato, comprovam que são superiores aos valores recolhidos pelos gráficos pela contribuição sindical, apesar da omissão dessa realidade por parte da mídia e dos políticos críticos à contribuição.

"Com um resultado desse, nossa representação sindical jamais pode ser mal classificada, seja por quem for, sobretudo por políticos envolvidos em corrupção ou por setores da imprensa, estes que só escutam um único lado da versão, praticando um mal jornalismo ao induzir o público à condenação sumária da reputação de todos sindicatos como corrupto", desabafou Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp. O sindicalista, que atuou diretamente ao longo dessas últimas décadas para a conquista de toda essa evolução da CCT dos gráficos paulistas, revela que, apesar de negociar todo ano com o setor patronal dos jornais, como a Folha/SP e o Estadão, nunca foi chamado para dar a sua versão sobre a reforma trabalhista, bem como sobre esta "polêmica" relativa ao custeio sindical.

Del Roy denuncia a consequência dessa infeliz prática manipuladora: os trabalhadores acabam acreditando que o movimento sindical nada faz, incluindo todos, inclusive que são corruptos. Com isso, julgam não ser justo pagarem a contribuição sindical. E muitos gráficos pensam assim, mesmo tendo STIGs e a Ftigesp que, desde sua criação, fez os direitos do gráfico na CCT, acima da CLT, cresceram de nove para 87 cláusulas.

Feita essa explicação inicial, ficará claro agora os dois objetivos centrais da reforma trabalhista. O primeiro deles, já descrito um pouco a partir da história de luta e conquistas da Ftigesp, é que, apesar da alienação de grande parte dos trabalhadores, e ainda persistente, foram os sindicatos ao longo da história que garantiram direitos e leis trabalhistas atacadas agora com o apoio da maioria da mídia comercial e dos políticos aliados do Temer. A reforma trabalhista destruiu a CLT e, com assim, destruirá também a CCT dos gráficos e de todos as demais classes profissionais.

O segundo e estratégico objetivo nefasto da reforma trabalhista contra a classe trabalhadora, dentre outros não mencionadas nesta matéria, é a destruição dos próprio sindicatos - entidades com capacidade, já posta à prova na história de luta e conquistas, de organizar os trabalhadores e de resistir aos ataques da nova lei do trabalho. E a reforma fará isto por meio da inviabilização econômica dos sindicatos com a pseudo polêmica do fim necessário do custeio sindical. Ao flexibilizar tal contribuição dos trabalhadores ao seu sindicato que garante a manutenção e conquista de seus direitos, mesmo sem serem sindicalizados, a entidade de classe não terá mais como custear as suas atividades em defesa da categoria, fragilizando a própria manutenção e cumprimento dos direitos coletivos.

Sem tal custeio, serão prejudicados na sequência os direitos e salários. "Apesar da reforma trabalhista aprovada, os gráficos precisam entender que os sindicatos podem continuar a luta para manter os direitos, mas, para isso, é preciso a unidade e participação da classe. Sindicalizem-se e contribuem com a sustentabilidade político-econômica dos STIGs e da Ftigesp", alerta Jorge Caetano, vice-presidente da Federação Gráfica.

"Se os gráficos perderem, por exemplo, a cesta básica da CCT, ele terá de retirar cerca de 8% do seu salário com base no piso normativo para comprar os alimentos garantidos por esta cláusula da convenção", diz Leandro Rodrigues, secretário-geral da Ftigesp. A perda da PLR gera outra terrível consequência sobre o salário, já que o benefício financeiro anual corresponde de 3% a 6% da remuneração mensal dos gráficos, dependente da faixa salarial. Não deixe de contribuir com seu sindicato.

written by FTIGESP