Mar 07

 


O setor gráfico da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, é formado fundamentalmente por pequenas empresas do ramo. Existe um maior número delas em Santos, mas há gráficas e funcionários distribuídos por grande parte das cidades da região, mas sempre em pequeno número de trabalhadores por empresa e geralmente distantes umas das outras. É neste contexto que atuam cerca de 30 por cento da categoria, formada por profissionais mulheres. Elas se concentram nos setores administrativos e na pré-impressão. O que já mostra certa desigualdade na ocupação de cargos e funções de maior destaque no local, a exemplo das áreas de impressão e das chefias na produção. O assédio moral também é outro problema, bem como a tentativa de sonegação de direitos quando estão no auxílio maternidade. Estes e outros itens, além da necessidade de fortalecer a unidade e organização dessas trabalhadores em torno do seu sindicato (STIG Santos), a fim de conquistarem direitos para elas no setor, serão tema do 1º Encontro de Trabalhadoras Gráficas da Baixada Santista durante o café da manhã, que será promovido pela entidade de classe às 7h, nesta terça-feira (8), que é o Dia Internacional da Mulher.

"O evento é aberto para as trabalhadoras sindicalizadas, mas também para quem não é. Visitei a maioria das empresas convidando cada uma delas. Todas são muito bem-vindas e é importante que participem para o bem delas mesmas, já que apenas juntas, poderemos evitar injustiças, sonegação de direitos e avançar em mais benefícios para cada uma de nós", diz a organizadora e responsável pela ação que acontecerá na sede do STIG Santos, Sueli Reis, que é diretora do sindicato e também representante do Comitê de Mulheres da Confederação Nacional da categoria (CONATIG) e do Comitê Feminino da UNI Brasil (braço da UNI Global no país - órgão mundial intersindical que integra os gráficos.

Apesar do adverso cenário político/institucional brasileiro com reflexos negativos na economia e sobre o setor produtivo, as trabalhadoras ainda podem avançar em mais benefícios à depender da união e organização de todas junto ao STIG Santos. "E este perfil é indispensável também para evitar com que as empresas tirem e reduzam salário e direito sobre a falsa premissa da crise", alerta o presidente do STIG, Jorge Caetano, citando o exemplo do jornal A Tribuna de Santos, que quer reduzir em 20 por cento o salário dos trabalhadores, sob alegação de dificuldade financeira.

O STIG Santos já está atuando neste e em outros casos em defesa da categoria. Porém, Sueli, que é sindicalista gráfica e já há quase 20 anos trabalha nas indústrias do setor na Baixada, alerta as trabalhadoras para se envolverem mais com o seu sindicato. "Esta aproximação é a garantia de que os direitos e benefícios das mulheres gráficas não serão mexidos e outros poderão ser conquistados com a luta", diz a dirigente que laborou como bloquista em gráficas de Santos e São Vicente onde iniciou na profissão na extinta Gráfica Máxima. Ela sonha em um dia outras profissionais se juntem a ela para integrar a direção sindical, para assim fortalecer o debate de gênero e a defesa das trabalhadoras.

Alguns direitos já conquistados através da luta do movimento sindical e da categoria em favor das mulheres gráficas são o auxílio berçário ou creche de crianças com até 3 anos (valor de 30 por cento do piso normativo) e a proteção da profissional gestante (mudança de setor sem redução de salário para não prejudicar a criança e/ou a mãe) e a estabilidade delas no emprego até cinco meses após o parto. Estes benefícios constam na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, que também têm regras onde garante a ausência remunerada do trabalho pela profissional para acompanhar seu filho em consulta ou internação médica, entre outros.

written by FTIGESP