Set 18
As campanhas salariais anuais dos gráficos brasileiros, que acontecem em períodos distintos a depender da região, estados e municípios dentro do território nacional, são responsáveis por definir o conjunto de direitos e remunerações dos trabalhadores por um período de 12 meses, depois das negociações entre os sindicatos obreiros e patronais. Tal processo, que deve contar com a participação efetiva do trabalhador nos eventos como assembleias, paralisações e outros, tem reflexo direto na vida de todos os empregados da classe, bem como para o próprio sindicado. A depender da negociação feita, a vida do gráfico pode melhorar ou não.

A negociação determina o valor do reajuste salarial anual, bem como o avanço ou manutenção dos benefícios contidos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. Neste viés, a fim de contribuir com a formação dos sindicalistas gráficos de várias estados no país, a UNI Gráficos e Embalagens Américas – segmento do braço continental das Américas da UNI Global (órgão intersindical em todo o mundo), realizou um seminário sobre o tema. O evento, realizado em parceria a Confederação Nacional da classe (CONATIG), aconteceu na última quinta e sexta-feira na da Federação Paulista dos Gráficos (FTIGESP), localizado em São Paulo.

"Se negociamos bem melhora a vida do trabalhador e do sindicato, mas, além dos próprios sindicalistas, há vários elementos que interferem nas negociações", ressaltou no seminário o diretor regional da UNI Gráficos e Embalagens Américas, Marvin Largaespada. No entanto, o dirigente frisou que o sindicalista é uma peça fundamental nesse etapa. É preciso estar atento a tudo que se passa no seu entorno, nas empresas, com o trabalhador, fazendo as críticas necessárias e traçando estratégias para fortalecer sempre o interesse coletivo dos trabalhadores. Desse modo, ele diz que é preciso estimular a participação de toda classe no sindicato e na campanha salarial, envolvendo também os jovens e mulheres.

Largaespada disse que é preciso diminuir a distância entre o trabalhador e o sindicalista. E, para isso, ele ressalta que é necessário melhorar a comunicação do sindicato com a categoria. Neste sentido, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Pernambuco, Iraquitan da Silva, presente no seminário, apresentou cinco eixos sobre o assunto que já desenvolve no cotidiano junto à base de trabalhadores no seu Estado, e que surte muito efeito no tempo de campanha salarial.

O dirigente pontuou que os cinco eixos relevantes de uma comunicação numa campanha são: amplitude (a informação chegar ao maior número de gráficos); velocidade (a notícia chegar mais rápido ao conjunto dos trabalhadores); frequência (manter um fluxo contínuo de informação); representatividade (garantir o maior número de sindicalistas falando pelo sindicato); e reciprocidade (captar e produzir informações com o máximo da voz e do sentimento dos trabalhadores).

"Esta e outras iniciativas dos sindicalistas foram relatadas no seminário. E todas as ações visam fortalecer as negociações coletivas salariais para o bem estar da nossa categoria gráfica brasileira", falou Leonardo Del Roy, presidente da CONATIG. Dentro desse contexto, Largaespada sinalizou aos participantes no encontro, que, diante da forte e rápida transformação no mundo, com a globalização, tecnologia e mudanças nas indústrias, onde as máquinas e a informática têm reduzido a mão de obra e alterado rotinas produtivas, os sindicalistas precisam trabalhar ainda mais em conjunto para socializar e encontrar novas formas de ações sindicais para elevar as negociações coletivas, bem como a participação dos trabalhadores no sindicalismo.

O seminário reuniu sindicalistas experientes e novos de sindicatos dos gráficos de vários estados brasileiros, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O encontro também contou com a participação do presidente (Paulo Zocchi) e membros da diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. Além da presença internacional do sindicalista gráfico Marvin Largaespada, o evento contou ainda com a participação da internacionalmente conhecida Adriana Rosenzvaig, antiga secretária geral da UNI Global e atual secretária regional da UNI Américas.

O primeiro dia do seminário foi voltado para análises de conjuntura sobre a atual situação dentro do setor gráfico e do setor de comunicação e ainda sobre a verdadeira situação econômica do Brasil e do mundo. A primeira análise ficou a cargo de dirigentes da própria CONATIG de várias regiões do território nacional, bem como teve a contribuição dos dirigentes do Sindicato dos Jornalistas. Já a segunda parte da análise foi realizada pelo professor de Econômica da PUC/SP, Miguel Huertas, que também é um profundo conhecedor do movimento sindical. Além dele, Adriana Rosenzvaig fez uma rica análise de conjuntura a nível mundial.

"Na sexta-feira (11), os sindicalistas abordaram efetivamente sobre as negociações coletivas em diferentes contextos socioeconômicos, como também as táticas adotadas em mesa de negociação com o segmento patronal", frisou o secretário regional Sudeste da CONATIG, Leandro Rodrigues. O dirigente disse que também foram levantados os principais temas sobre o setor gráfico este ano de forma detalhada. Além disso, foi realizado o efetivo exercício da negociação salarial, com destaque a inclusão da necessária argumentação da situação de crise financeira.

FONTE: CONATIG

written by FTIGESP