Fev 06

Legado do 7 de Fevereiro depende do combate à desinformação da classe

Embora esteja bem claro para a maioria dos sindicatos dos trabalhadores o retrocesso sobre os direitos trabalhistas com a volta da classe patronal no governo do Brasil, ainda não é perceptível para grande parte da classe trabalhadora. Eis a razão do atual contexto do retrocesso em direitos. O empregado, estimulado por campanhas de desinformação (Fake News), tem se voltado até contra si mesmo ao apoiar governos, incentivados por setores patronais, que extinguem o Ministério do Trabalho, acabam com direitos trabalhistas, limitam benefícios previdenciários e reduzem o poder dos sindicatos em defendê-lo. Apesar disso, o movimento sindical não vai abandonar a luta dos trabalhadores. Para isso, é urgente ganhar a mente e o coração deles outra vez, pois precisam diferenciar aliado dos algozes.

A luta pelos direitos só ocorre no coletivo. Sozinho e isolado ninguém é capaz. Foram juntos que os gráficos paulistas, em 7 de fevereiro de 1923, reagiram à imposição patronal e governamental do emprego sem direitos e longas jornadas. A categoria, liderada pela União dos Trabalhadores Gráficos (UTG), órgão não reconhecido legalmente por patrão e governo, realizou uma grande greve de quase dois meses. Com isso, os gráficos tornaram-se a primeira categoria profissional brasileira a ter reconhecido o seu sindicato e conquistaram direitos coletivos nas empresas do ramo.

Hoje, quase 100 anos depois, o governo atual volta a defender emprego sem direitos e, curioso, muitos gráficos o apoio, enquanto criticam o seu sindicato. É preciso diferenciar quem são os reais inimigos dos amigos, ou os retrocessos crescerão ainda mais contra a classe trabalhadora. Não foram os sindicatos que defenderam e aprovaram a nova lei trabalhista, a qual retirou mais de 100 direitos históricos, mas os políticos empresários e apoiados por setores patronais; Não foram os sindicatos que acabaram com o Ministério do Trabalho, mas o atual governo patrocinado por patrões.

"Toda classe trabalhadora preciso ter a consciência da realidade. Precisa deixar de acreditar em Fake News e reagir contra os ataques aos direitos", orienta Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp). O movimento sindical, por sua vez, a exemplo dos 19 sindicatos dos gráficos (STIGs) no estado de São Paulo devem iniciar ou intensificar o diálogo direto com o trabalhador. É preciso conscientizá-lo de que seus direitos correm risco enquanto se afastar do sindicato e apoiar os algozes.

Del Roy recorda que o legado do 7 de Fevereiro para os gráficos retrata a luta pelo direito da representação da categoria e mais conquistas. Essa luta se tornou uma tradição do movimento sindical da classe. E não será diferente agora, apesar de tanta limitação imposta às entidades sindicais com a lei da reforma trabalhista. Portanto, a Ftigesp avalia que os STIGs, além de continuar defendendo os direitos da classe, precisam combater campanhas de desinformação contra o movimento sindical, que continua levando ao afastamento do trabalhador de sua representação de classe. Os diretos conquistados no 7 de Fevereiro dependem disso. A luta precisa continuar.

Apesar das adversidades contemporânea, inclusive até afastamento de grande parte dos trabalhadores a seus sindicatos, a Ftigesp continuará mantendo a resistência para que o legado do 7 de Fevereiro siga firme. "Temos a consciência e o compromisso da luta sempre para defender os gráficos e seus direitos, tanto que mantemos e ampliamos a convenção coletiva até hoje. Se necessário para defende-la, comeremos terra", diz Del Roy, repetindo o lema utilizado pelos gráficos na greve de 1923.

written by FTIGESP