Out 22
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em CCT renovada rapidamente, todos os direitos da classe se acabam

Nesta terça-feira (23), faltando oito dias para o fim da validade da atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da Indústria Gráfica paulista, os representantes dos patrões e dos trabalhadores realizam a 2ª rodada de negociação sobre o futuro dos direitos da categoria a partir do dia 1º de novembro – tradicional data-base do setor. O risco de descontinuidade dos direitos é real, uma vez que a nova lei trabalhista deu poder ao patrão para deixar de cumpri-los se a negociação salarial não chegar ao final até a referida data. E, foi exatamente isto que os empresários usaram como argumento na primeira mesa de negociação para pressionar a categoria.

"O patronal nada falou sobre a continuidade ou não dos direitos. Deixaram a situação em suspensão para ser tratada amanhã", alerta Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp). Todavia, o empresariado atacou a pauta de reivindicação dos trabalhadores. Não foi aceito nenhum dos itens colocados, nem mesmo diante da pauta enxuta. Assim tem sido a postura do patronal sobretudo depois do golpe sobre a presidente Dilma Rousseff e da chegada de Temer, piorada, ainda mais, após a nova lei trabalhista, aprovada pelo deputado Bolsonaro (PSL), o qual ainda tem recebido apoio popular para se tornar presidente e agravar ainda mais a situação em desfavor do trabalhador e em favor dos patrões.

Os patrões ainda atacaram a tradicional data-base da categoria. Querem muda-la. Alegam que é muito próxima do final do ano, período em que têm custos extras com o pagamento do 13º salário e das férias coletivas em muitas empresas. Assim, protegidos pela lei trabalhista, sem qualquer aceno de aceitação a avanço na pauta de reivindicação dos empregados, exigiram a mudança da tradicional data-base para perto do meio do ano. Logo, não garantiram nenhuma data-base que seja, senão pela mudança.

Os sindicatos dos trabalhadores envolvidos diretamente na negociação têm consultado as suas bases sobre quais estratégias tomarem diante da situação. O STIG Jundiaí, por exemplo, realizou uma assembleia neste domingo e a classe aprovou um aditivo à pauta de reivindicação original. A intenção é encontrar uma forma viável de evitar a descontinuidade dos direitos coletivos da categoria, como cesta básica, PLR, piso salarial bem superior ao salário mínimo nacional, entre outras 84 cláusulas relevantes.

Contudo, a classe trabalhadora precisa acordar enquanto ainda a tempo. Não se deixe ser enganada como foi no pato amarelo da Fiesp. Apoiaram aqueles que retiraram seus direitos depois. Portanto, votar em Bolsonaro no próximo domingo, é dar o aval para liquidar os direitos que sobraram. O próprio Bolsonaro já declarou que empregado atrapalha empresário. E que criará uma carteira de trabalho verde e amarela com menos direitos. O seu vice já atacou o 13º salário e o adicional de férias. Já Haddad é o único, no momento, que defende a revogação da reforma trabalhista. Não vote pela emoção, ou por raiva. Vote consciente. Vote pelos seus direitos.

written by FTIGESP