Out 10

Gráficos da Baixada Santista lotam assembleia e dizem que qualquer coisa é mais que nada. Rejeitaram proposta patronal de dividir a classe, deixando sem reajuste quem ganha acima do piso e aprovaram nova pauta de reivindicação

Nos últimos dias, a negociação salarial dos gráficos da Baixada Santista, que deveriam estar com o salário maior desde 1º de setembro, passa por reviravoltas. O protagonismo de parcela da classe da região em torno do sindicato (STIG), inclusive de trabalhadores das cidades distantes, como de Itanhaém e Guarujá, tem revelado uma disposição de luta para evitar o reajuste zero pelo segundo ano seguido, conforme insistiu o patronal. Os trabalhadores tomaram uma decisão corajosa na assembleia de não aceitar tal absurdo e deram autorização para o STIG negociar somente para os Gráficos da Baixada Santista.

Os trabalhadores aprovaram uma nova pauta de reivindicação durante a assembleia, conforme revelou Sueli Reis, presidente do STIG, a ser apresentada ao sindicato patronal, este que representa todas as gráficas da Baixada Santista e do ABC Paulista. A estratégia da categoria é forçar os patrões a negociarem de forma onde o trabalhador da Baixada seja respeitado. Assim, o STIG Santos enviou para o patronal uma contraproposta com pequenas mudanças em relação as cláusulas da convenção de direitos que venceu desde 1º de setembro. O sindicato patronal, por sua vez, acenou positivamente para a retomada das negociações. O resultado é esperado por todos os gráficos da região.

"O protagonismo do trabalhador e a disposição de luta junto com o STIG, embora ainda não seja da totalidade da categoria, tem dado um novo tom positivo na campanha salarial. Com a nova lei trabalhista, os gráficos têm mesmo de sair da zona de conforto e fazerem o enfrentamento para terem negociações salariais e de direitos mais justos com o patronal", congratula Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista da classe (Ftigesp).

Esta mudança de comportamento do trabalhador já começa a ser visto na Baixada. Na assembleia que rejeitou a proposta patronal e a enfrentou, existiam gráficos até da cidade de Itanhaém, mesmo a 74 Km de distância da sede do sindicato em Santos. Eles demonstraram que vale qualquer sacrifício para estarem juntos dos companheiros em defesa dos salários. "Temos a obrigação de mostrar a cara. Afinal de contas, a assembleia foi para discutir nossos direitos", afirmou o impressor da Gráfica Belas Artes em Itanhaém, José Carlos de Oliveira, frisando a total confiança no STIG.

Aceitar a proposta patronal de nenhum reajuste era danosa, segundo colocou o impressor da gráfica Danimar no Guarujá, José Alexandre dos Anjos, presente na assembleia. Ele tem toda razão. Representaria o prejuízo por um ano diante do salário desfalcado. E seria pelo 2º ano seguido, pois em 2017 só teve abono de 1,5%. E tudo isso recairia outra vez sobre outros direitos, como FGTS, 13º salário, férias e no cálculo para a aposentadoria. "Portanto, acertamos ao continuar a negociação. Foi a única saída. Além disso, será uma forma para tratarmos de nossas particularidades locais", completou o trabalhador.

Para Ftigesp, o STIG Santos e seus trabalhadores representados estão muito certos em continuar insistindo na negociação. "Concordo que tanto as empresas, quanto os trabalhadores da Baixada vivem uma outra realidade, sendo bem importante a decisão da categoria de fazer o enfrentamento em busca de encontrar uma solução na negociação com o patronal dentro do perfil das empresas e dos profissionais da referida região, encarando os desafios e buscando o encontro de saídas de forma autônomas", avalia Del Roy.

written by FTIGESP