Ago 01

Para se manter ativo, entidade tem alugado até parte do espaço da sede para continuar defendendo os direitos trabalhistas. A dificuldade cresceu depois que muitos gráficos, iludidos pela nova lei do trabalho, passaram a seguir a orientação patronal deixando de contribuir com seu sindicato

Embora a maior dificuldade política enfrentada por um dos mais antigos Sindicatos dos Gráficos brasileiros (STIG Santos) tenha sido vivenciada no período da Ditadura Militar, a entidade convive hoje com dificuldades para manter a atividade sindical em função não de intervenções diretas, mas em consequência da nova lei do trabalho e a manipulação midiática sobre os trabalhadores, levando-os a enfraquecer seu próprio sindicato. Estimulados pelos patrões, grande parte dos gráficos não tem se filiado ao STIG e deixado de ajudar financeiramente com o valor de um dia do seu salário, o qual é reajustado e defendido todo ano pela ação sindical, bem como os direitos coletivos - ameaçados frente à postura da classe.

"Não é interessante para nenhum trabalhador o seu sindicato fraco, sem força e sem representatividade. O STIG pode ficar assim se não houver uma mudança no comportamento da categoria já a partir da campanha salarial atual. E a consequência disso é prejuízo direto para os gráficos com perdas sobre os seus salários, direitos e condições de trabalho", diz Sueli Reis, presidente do STIG. A data-base da classe é no dia 1º de setembro. Portanto, a dirigente alerta os trabalhadores que é necessário voltar a unidade em torno do sindicato. Afinal, o STIG é a classe. Sem a participação nas atividades, sem sindicalização e sem contribuição para manutenção da entidade, os únicos beneficiados serão os empresários.

Para manter as portas abertas, Sueli conta que o sindicato só consegue porque tem alugado alguns espaços da entidade que fica em Santos. "O salão de festas, o local para as assembleias e o estacionamento estão alugados, e mais duas salas do setor do administrativo da entidade", diz. Ela fala que outras salas também podem passar pelo mesmo processo. Estas iniciativas buscam evitar a descontinuidade da luta sindical e para manter também ativa a memória da categoria através da quase secular história de organização dos trabalhadores gráficos da Baixada Santista. O STIG foi fundado oficialmente em 12 de julho de 1931, mas remonta à década de 1920, quando foi criada a associação da categoria em 1926.

Uma das histórias de luta dos gráficos da região diz respeito ao período da Ditadura Militar, nem diante da intervenção no sindicato, a categoria deixou de se organizar, mesmo correndo risco de morte e outra formas de violência praticadas contra aqueles que organizavam a resistência da classe trabalhadora. "Com o STIG fechado pelos milicos, os gráficos da época fundaram em 25 de julho de 1966 o Grêmio da classe - uma barraca na praia que funcionou até 24 de junho do ano de 2010, onde a diretoria aproveitava para organizar os trabalhadores enquanto vendiam bebidas e comidas, sem ser notada pelos agentes do governo golpista daquele período", fala Jorge Caetano, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos de Santos.

Os gráficos de hoje em dia também precisam responder ao governo golpista da atualidade. Para isso, basta participar sindicalizando-se ou auxiliando financeiramente na manutenção do STIG, mas também participando de forma ativa nas atividades da campanha salarial puxada pelo Sindicato em prol do reajuste salário e da manutenção dos direitos da categoria.

"O afastamento dos gráficos junto ao STIG gerará em um curto intervalo de tempo prejuízos irreversíveis. Não há economia para trabalhadores ao negarem contribuição sindical e sindicalização, porque tais iniciativas enfraquecerão o sindicato e assim a perda do poder para a manutenção dos direitos convencionados e salário da classe. Assim, é vital que todos os trabalhadores participem do processo para o fortalecimento do STIG", frisa Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista da categoria (Ftigesp), entidade na qual o Sindicato dos Gráficos de Santos é filiada.

Sem a sustentação financeira, inviabiliza-se as negociações coletivas e assim a manutenção e as garantias dos direitos de Convenção Coletiva de Trabalho. Sem a convenção, ficam ameaçados todos os direitos que não estão na CLT ou qualquer outra lei, como pisos salariais superiores ao mínimo nacional, ticket de alimentos, PLR e outros vários benefícios de caráter individual. "Logo, não se iluda que enfraquecer seu sindicato, só beneficiarão seu patrão. Pense bem quando tomar esta decisão", diz Del Roy.

written by FTIGESP