Abr 11

Idemia anuncia seu fechamento e demissão de no mínimo 300 gráficos

Foram necessários só cinco meses de validade da nova lei do Trabalho de Temer, que flexibilizou direitos trabalhistas no Brasil, abrindo espaços para opressão do poder econômico mundial e nacional sobre a questão social do emprego, para destruir a história de 20 anos da unidade de uma gráfica multinacional em Taubaté, no interior do estado paulista. No período, a Morpho fundiu com outra multinacional, tornando-se Idemia, que tem outra unidade em Cotia. Depois disso, mesmo com bastante serviço para ambas as plantas, a agora Idemia anunciou o fechamento da empresa em Taubaté até o final do ano. A unidade tem 426 gráficos. E o único motivo alegado pela direção da empresa na última semana ao Sindicato da classe (STIG) quase que simultâneo com os trabalhadores foi que a Idemia precisa ficar mais competitiva, reduzindo seus custos.

"Trata-se tão somente de o capitalismo perverso, que encontrou abrigo na nova lei trabalhista, para visar só o ganho empresarial e mais gráfico sem compromisso social", criticou Sandro Ramos, diretor do STIG local. O dirigente justifica seu questionamento visto que a Idemia de Taubaté continua com os serviços e a própria empresa informou que os manterá, tanto é que já anunciou que contratará mais trabalhadores para atender todas as demandas. Contudo, adianta que será na modalidade precária do contrato de trabalho de modo temporário, instituído pela tal nova lei.

Ramos classifica isso de contrassenso, pois não faz sentido anunciar, por um lado, demissões frente à informação de que a empresa fechará, enquanto que, por outro lado, contratará devido a quantidade de serviço, mas o fará através dos contratos precários, como é do tipo temporário.

Pela informação do jornal da TV Vanguarda, que é filial da Rede Globo no Vale do Paraíba, dos atuais 426 trabalhadores, a empresa só deve manter 100 gráficos, se forem de Taubaté e que aceitem ser transferidos para a unidade de Cotia. Segundo a reportagem, o restante deve ser desligado até o fim do ano, período que deve acontecer o fechamento.

Apesar disso, mesmo diante das demissões, o STIG continua atuando em defesa dos trabalhadores. A entidade está negociando um pacote de benefícios junto à empresa para que seja oferecido aos desligados. Uma comissão formada pelos gráficos também foi criada à pedido do STIG. Já houve alguns negociações. Até agora a empresa ofereceu uma PLR no valor de R$ 2.720 e um vale-refeição mensal de R$ 365 até o fim do ano. Porém, Ramos questiona critérios absurdos de produtividade e de assiduidade para ela garantir respectivamente tais benefícios. "É ilógico pedir dedicação, empenho e metas, quando se anuncia demissão", diz.

A Federação Paulista da categoria (Ftigesp) se solidariza aos gráficos e destaca o importante papel do STIG, que, apesar da perda do emprego, a entidade tem procurado junto a Idemia uma compensação financeira para os trabalhadores, a fim de amenizar o impacto dos desligamentos enquanto estarão à procura de nova colocação no mercado de trabalho. Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp, também solidário à categoria, aproveita o cenário para ratificar o repúdio à nova lei do Trabalho, que, alterou a lei para dentre as mazelas permitir até demissões em massa e sem as condições de benefícios extras ora obrigatórios às empresas.

written by FTIGESP