Mar 14

Precisamos nos mobilizar para que não volte a reforma da Previdência, diz profissional gráfica aposentada Ivana Sampaio, 54 anos, de Taubaté

Com dois filhos e problemas familiares, como separação com o marido, talvez devido a um cultura machista ou pelos conflitos diante do trabalho (com troca constante de turnos) de Ivana na gráfica Morpho do Brasil, em Taubaté, esta mulher trabalhadora, que conseguiu se aposentar há pouco tempo, depois de 13 anos seguidos como profissional gráfica, diz que valeu à pena ser empregada do ramo. Ela, porém, não esconde sua tristeza em relação aos problemas que acumulou em função do trabalho, em destaque uma doença que a acompanhará para o restante da vida, situação da qual ela responsabiliza a empresa pela falta de cuidado com a saúde do conjunto dos empregados, levando o adoecimento de vários.

Todavia, assim como é peculiar à maioria das mulheres, Ivana enfrentou de frente os desafios diários, inclusive fazer que a Morpho reconhecesse a sua doença como ocupacional por ter relação direta com a função de auxiliar de envelopamento que exercia, tarefa manual e repetitiva junto ao setor de produção do local. "Ingressei na Justiça contra a empresa devido o acometimento da doença; aposentei e resolvi sair de lá. Creio que foi uma das melhores atitudes que tomei na vida", desabafa Ivana.

Antes de garantir o reconhecimento de que era uma doença ocupacional e conquistar a sua aposentadoria, enquanto ainda estava na ativa, ela não se conformava com a injustiça dos líderes que comandavam o local de trabalho, sempre tentava resolver situações que colocavam em risco a saúde das trabalhadoras(es). "Coloquei meu nome para concorrer a vaga da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), sendo eleita, pois tinha grande preocupação com o conjunto da categoria", diz satisfeita, lembrando dos elogios que ainda costuma receber das antigas colegas de trabalho que permanecem na empresa e sentem a falta dela.

Ivana credita essas lembranças das companheiras de trabalho às suas iniciativas em defesa do coletivo enquanto estava na Cipa, e até antes. Mas, sem dúvidas, a sua atuação sindical lhe tornou efetivamente uma representante do conjunto dos centenas de profissionais da Morpho. "Eu fui, com orgulho, dirigente sindical. Ajudei ainda mais as companheiras", recorda Ivana, que está sendo a homenageada agora, durante este mês do Dia Internacional da Mulher, pelo Sindicato dos Gráficos de Taubaté, entidade onde atuou como dirigente e como sindicalizada. Ela aproveita para aconselhar a todos da categoria para que participem e fortaleçam o Sindicato, pois ainda é a única força para defesa dos direitos de todos.
Ivana agradece a homenagem e conclui com outro conselho para que a classe trabalhadora se sindicalize urgente, fortalecendo o sindicato, que assim poderão fazer o combate para a defesa dos direitos. Dentre eles, se ainda quiserem se aposentar algum dia na vida, precisam combater a horrível proposta da reforma previdenciária de Temer e de seus aliados. "Ainda bem que, por enquanto, ela foi deixada de lado. Precisamos de mobilização caso volte. Precisaríamos mesmo era de uma reforma para tirar os privilégios dos políticos, não os nossos direitos", ressalta Ivana.

A Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp), órgão do qual o Sindicato (Taubaté) que atua na região onde Ivana laborou é filiado, parabeniza a trabalhadora aposentada por sua determinação de lutar e fazer valer os seus direitos. A situação demonstra que o resultado é sempre melhor para o gráfico quando consciente de seus direitos e age coletivamente e com a força e determinação em conjunto com o Sindicato. "Por outro lado, sem isso, o trabalhador fica fragilizado individual e/ou em grupos -um cenário, infelizmente, ainda bastante comum por opção de parte da própria classe, verificado inclusive dentro da empresa Morpho, mesmo com o sindicato agindo e incorporando vários benefícios na localidade", frisa com preocupação Leonardo Del Roy, que é presidente da Ftigesp.

"Não é sustentável querer a manutenção dos direitos sem fortalecer a estrutura e atuação do sindicato, única entidade que luta para garanti-los. Sem as condições políticas e financeiras para a entidade cumprir as suas prerrogativas constitucionais de modo a garantir as condições dignas para os gráficos, o cenário é de instabilidade", alerta Del Roy. Portanto, o trabalhador que se nega a participar da manutenção do seu sindicato, não filiando-se e contribuindo de outras formas, enfraquece consequentemente os seus próprios direitos e salários. Sindicalize-se!

written by FTIGESP