Out 09
A gigante do setor gráfico nacional, Santa Marta, chegou em São Bernardo dos Campos, importante região industrial do estado de São Paulo. Porém, apesar do pouco tempo no local, só desde janeiro ao incorporar a antiga gráfica Intergraf, ao invés de animar o mercado do Sudeste, a chegada da gráfica paraibana causa preocupação para classe trabalhadora e também para o setor patronal. O sindicato laboral da classe na região (STIG ABC) inclusive já confirma práticas antissindicais e o rebaixamento salarial em comparação aos antigos trabalhadores da Intergraf, sendo estes demitidos. "A empresa contrata com salário 30% menor e não seleciona ninguém que se filie ao sindicato", denuncia Isaías Karrara, presidente do STIG ABC.

Do lado empresarial, o receio também é real. Basta ver as consequências no mercado gráfico do Norte/Nordeste diante da política de preços baixos dos serviços da Santa Marta, grande parte às custas dos baixos salários dos profissionais, em comparação às demais empresas do ramo. Clientes das tradicionais empresas desses estados têm optado pela Santa Marta, fragilizando todo o setor. "Em Pernambuco, por exemplo, a empresa Plural fechou há poucos anos após a Revista Veja, principal cliente desta unidade da Plural, preferir imprimir na Santa Marta na Paraíba", pontua Iraquitan da Silva, presidente do STIG PE. Já no Pará, Martinho Sousa, que é diretor do STIG deste estado do Norte brasileiro, diz que mais de 50% de toda produção gráfica saiu das empresa locais e foi para referida gráfica na PB.

A Federação Paulista dos Trabalhadores Gráficos (Conatig) acompanha esta situação com preocupação. "Reconhecemos a importância da Santa Marta dentro do setor gráfico nacional, com um elevado aporte tecnológico, mas isso não outorga-lhe o direito de desestabilizar o mercado gráfico do Brasil com ampla política de preços baixos às custas de rebaixamento dos salários dos trabalhadores e políticas antissindicais, como já verificado pelo STIG ABC - região recém chegada", diz Leonardo Del Roy, presidente da Ftiesp. Na sua matriz na Paraíba, segundo diz Iraquitan, o salário pago a seus empregados é apenas 1/3 em comparação ao gráfico pernambucano, que, infelizmente, o STIG PB pouco consegue fazer para mudar a situação.

"Prestamos nossa solidariedade aos gráficos e empresas atingidas pelas práticas da Santa Marta. Estamos à disposição inclusive do STIG ABC e torcemos para que consiga combater as práticas antissindicais da Santa Marta e que atue contra o rebaixamento salarial dos gráficos", diz Del Roy. A Ftigesp também apela para que os gráficos paraibanos e o seu órgão de classe consigam atuar para que evite a continuidade desses transtornos com prejuízo para quem atua na empresa e demais consequências gerais.

written by FTIGESP