Ago 21

Na quinta-feira (10), gráficos do Jornal A Tribuna rodaram o Diário Oficial de Santos pela última vez, após 47 anos de fundação. A publicação, que veiculava notícias de utilidade pública, serviços e de informações gerais, além de dados da gestão municipal, será veiculado apenas digitalmente. Embora a impressão respondia só por 0,05% do orçamento da cidade, o prefeito decidiu extinguir por alegar problema financeiro. Sem circular, o Sindicato dos Trabalhadores Gráficos (STIG) da Baixada Santista avalia que além de gerar problemas sobre os gráficos, o fim do jornal impresso dificultará o acesso dessas informações sobretudo para os idosos, estes que hoje são 20% da população local e têm limites no uso da internet. Os desempregados são outros penalizados com a exclusividade do acesso digital, pois não terão como pagar pacote de dados de celular ou acessar através de lan house.

"Esta foi uma morte anunciada do Diário Oficial impresso, que começou bem antes, em 1998 e por culpa do atual deputado federal Beto Mansur, quando era prefeito de Santos", repudia Jorge Caetano, presidente do STIG local. A morte do então jornal iniciou desde quando Mansur fechou o parque gráfico da empresa ligada ao município (Prodesan), gerando mais custos para rodar em outro local. A prefeitura de Santos gasta hoje R$ 1,6 milhão para imprimir os atuais 30 mil exemplares de 2º a 6º feira. O deputado Mansur é inclusive um dos aliados do presidente Temer, ajudando-o a desmontar a CLT através da nefasta reforma trabalhista.

O distrato do contrato de impressão do Diário com A Tribuna de Santos foi publicado na versão eletrônica do jornal oficial na terça-feira (15). O STIG de Santos não se conforma com tamanha atrocidade. A entidade articulou até a Câmara Municipal local contra a decisão. A ex-prefeita da cidade, hoje vereadora Telma de Souza (PT) realizou Audiência Pública à pedido do presidente do Sindicato dos Gráficos. O movimento sindical da Baixada Santista e trabalhadores do jornal A Tribuna participaram. O objetivo da atividade foi chamar atenção para a questão e fazer com que o Diário Oficial de Santos continue sua circulação em suporte impresso.

Embora não acabe efetivamente com o Diário, o sindicalista questiona a decisão do atual prefeito, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), de mantê-lo só digitalmente sob o pretexto de problema financeiro, quando o custo não é alto e ainda mais diante dos benefícios que o jornal impresso oferece ao povo. "Com a morte do jornal impresso, isso prejudicará grande parte da população que não usa ou domina a ferramenta da internet, onde terão dificuldade de acessar", reforça Caetano. Ele critica ainda que a ação pode trazer prejuízos para a categoria dos gráficos, estes que são responsáveis pela impressão.

Para Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp), entidade na qual o STIG Santos é associada, a era digital tem provocado grandes transformações dentro da classe e trás ameaças. O experiente sindicalista, que tem participado de fóruns pelo mundo sobre as radicais alterações do mundo laboral com as inovações tecnológicas, avalia com bastante preocupação o que ocorre em Santos. "A morte do Diário Oficial impresso trás consequências reais e diretas nos postos de trabalho", afirma. Tanto trás que o grupo A Tribuna, onde o Diário estava sendo impresso até hoje, já realizou alterações internas e fundiu os três setores administrativos do grupo, formado pelo jornal, rádio e pela TV.

written by FTIGESP